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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

3o turno, não, golpe!

É fácil acessar a informação, basta procurar sobre o ano de 1954 e a situação histórica que o envolveu. Aquele era o último ano da presidência de Getúlio Vargas na sua volta após o período 30-45. Getúlio voltou com o apoio do voto popular e fazia uma gestão nacionalista. Além da valorização do salário mínimo e outros feitos, Getúlio criou a Petrobrás. Foi ao mesmo tempo o maior feito de um estadista brasileiro e o estopim que acendeu um barril de pólvora.
Vá até lá e estude o período, você vai se surpreender ao constatar que o posicionamento da oposição e da mídia naquele tempo em nada difere do de hoje. Vargas era apresentado como um chefe de quadrilha que estava levando o país ao caos, enquanto os índices de emprego e renda aumentavam e o apoio do povo também.
A crise teve início na criação da Petrobrás (que, aliás, foi sempre um sucesso) e se alastrou quando João Goulart, no Ministério do Trabalho, resolveu dar 100% de aumento no salário mínimo. Foi demais. A oposição, liderada pelo corvo do Lacerda, aliada aos interesses dos EUA (estude o marchartismo, a relação do Brasil com a USAID e a relação da Escola Superior de Guerra com os EUA), partiu para cima e só foi contida em seu golpismo com o tiro no peito de Vargas.
O golpismo sempre presente, o udenismo, o lacerdismo, que não tem voto, que só tem um discurso falso moralista vazio e que tem apoio de uma imprensa monopolista, ressurgiu com força em 64, derrubando Jango com a desculpa da ameaça comunista. Veja o que a Globo pensava do salário mínimo naquela época.
A direita, encarnada em Collor e FHC, achou nos anos 90 que a guerra estava ganha. Era o fim da história de Fukuyama. O caminho estava livre para se avançar para cima dos direitos trabalhistas e do patrimônio do Estado, que deveria ser "mínimo". No caminho do rolo compressor estava a Petrobrás. O primeiro tiro na empresa foi a quebra do monopólio em 98 e, depois, o regime de concessão para as multinacionais explorarem nosso óleo. O neoliberalismo avançaria sem freios e o PSDB governaria por 20 anos. Só que não.
Algo deu errado. O metalúrgico radical fez uma campanha de "paz e amor" e roubou a cadeira e a cena. Mesmo sem romper com o neoliberalismo, deu uma guinada pró-estado e pró-nacionalismo. Gerou emprego e renda e deixou os reaças lacerdistas com o discurso do preconceito e do mimimi. 
O mensalão, que todos sabemos começou no PSDB e que faz parte da promiscuidade da relação entre política e empresários no país (aliás, não é á toa que um ministro do STF segura há 1 ano matéria para tentar acabar com isso), foi a primeira tentativa. Afastada pelo brilho pessoal de Lula e pelo avanço social do país.
Porém, desde 2009, quando Lula praticamente re-estatizou a Petrobrás e instituiu o regime de partilha no pré-sal, que o golpismo voltou com tudo. Serra tinha se comprometido pessoalmente com a Chevron a entregar o pré-sal se eleito. Mas veio o "poste" de Lula e atropelou o tucano-mor. Era preciso reagir.
Faz mais de 3 anos ininterruptos que a Globo bate na Petrobrás. Todos os bandidos que roubaram a empresa estão lá há mais de 15 anos e o tal doleiro, assim como o mensalão, é cria tucana. Mas e daí? O negócio é bater na tecla: Dilma sabia e por isso não pode ser eleita. A capa daquela revista que escorre sujeira na véspera da eleição dizia isso. Dilma foi eleita. Agora, Dilma tem que ser derrubada. É o impeachment. O PSDB já pediu nova CPI e a Globo voltou à carga.
Quem vai estancar o golpe dessa vez? Um tiro no peito do Lula?
Sinceramente eu não sei.
Foram 54 milhões de brasileiros que disseram claramente na eleição que escolhem defender o emprego e renda contra as políticas neoliberais (debate que está pegando fogo na Europa agora). E o que o governo fez? Perdeu a chance de mobilizar essa gente e aprofundar o discurso. Joaquim Levy e suas falas e a medida provisória do seguro-desemprego foi um tapa na cara do povo. Lula passou a campanha toda carregando a Dilma nas costas e cadê ele? Deixar Lula de lado no governo é como deixar o Messi no banco de reservas.
Eu entendo que a mobilização popular não é coisa simples. Os movimentos populares são vagarosos na sua ação por questão de natureza. Precisam de tempo de depuração. Mas diante do quadro só há duas saídas: mobilização popular e volta do crescimento econômico. Sem isso, o avanço golpista será imprevisível.
Aqui no Calçadão nós não entramos no discurso golpista, aqui somos de outra linha. Aqui nós sabemos que o verdadeiro motivo do escândalo da Petrobrás é cumprir a promessa de Serra à Chevron. Aqui nós sabemos que estamos diante de uma luta decisiva contra o avanço do conservadorismo e dos interesses anti-patriotas. Estamos jogando as fichas de um país que precisa continuar no caminho da melhoria social e da diminuição das desigualdades, caminho esse que os inimigos da pátria, em defesa de seus interesses, não aceitam. Aqui essa canalha não passa.
obs: aqui vai o link para o artigo de Mauro Santayana republicado no Tijolaço. É uma vacina eficaz contra o golpismo midiático. Leiam: http://tijolaco.com.br/blog/?p=24531

Ricardo Jimenez

Um comentário:

Luiz Octávio disse...

Dilma precisa das Centrais Sindicais para frear esta sanha de 3º turno e mobilizar os trabalhadores para defenderem as conquistas realizadas até aqui, mas indo na onda de Levy querendo diminuir os direitos dos trabalhadores, fica difícil. O governo Dilma precisa melhorar e muito sua comunicação com o povo, não deixando só a Globo (vulgo RGC) e Veja darem as cartas. Dilma precisa falar...

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