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quarta-feira, 22 de abril de 2015

A Orquestra em Silêncio...


O protesto realizado pelos músicos da orquestra sinfônica de Ribeirão Preto contra os atrasos salariais e o rompimento do convênio com a Prefeitura Municipal por "falta de recursos" colocou mais uma vez em evidência as dificuldades por que passa a administração municipal.

O setor da cultura não podia fugir à regra. Aliás, cultura nunca foi o forte de Ribeirão Preto. Por aqui, o Teatro, a Música, o Cinema, a Dança, definitivamente não fazem parte do cardápio cultural do trabalhador de Ribeirão Preto. E, pasmem, não é por falta de interesse! Toda a vez que algo de bom gosto vai de encontro ao trabalhador a audiência é grande. O que falta é política cultural.

Em quase o mundo todo, orquestras sinfônicas são financiadas, majoritariamente, pelo poder público ( aqui ), ou seja, em países com tradição nessa arte o Estado não abre mão de prover a política cultural. Por lá, como cá, a política econômica dos tais "ajustes fiscais" tem criado dificuldades para a sobrevivência das orquestras. A reclamação é grande. Mas por aqui o resultado é a paralisação total.

Ribeirão, como de resto o Brasil, se torna cada vez mais excludente e elitista, afastando o povo da política e da cultura. Nos solidarizamos com os músicos da orquestra, como nos solidarizamos com as crianças que recebem péssima educação, com o trabalhador que recebe péssimo transporte público, com o doente que aguarda horas na fila de um posto de saúde. Nos entristecemos com a situação de uma cidade que perdeu o seu rumo há pelo menos 20 anos, enredada em dívidas e numa forma de fazer política pequena e inoperante.

Repetimos aqui a mesma coisa que dissemos no artigo sobre os 84 anos do Teatro Pedro II: o ambiente cultural de Ribeirão é feito para meia dúzia de riquinhos e o povo é totalmente afastado. 400 mil reais mensais é perfeitamente possível de ser pago para manter a orquestra, e colocá-la para tocar para o povo: nas praças, no Arena, no Municipal, no Pedro II.

Ribeirão precisa de rediscutir, se enxergar, se reinventar.

Ribeirão Preto não pode ficar à mercê dos mesmos de sempre. E o problema não é apenas Dárcy Vera. Não! Isso é ilusão. O problema é uma estrutura de poder viciada, financiada por interesses empresariais, reproduzida na troca de favores e no assistencialismo impotente. 

A Orquestra Sinfônica e o trabalhador da periferia são ambos reféns de uma estrutura política carreirista, chinfrim e falida.

Os músicos da orquestra sinfônica de Ribeirão Preto mereciam um encontro com o povo; o povo merecia um encontro com a cultura; e Ribeirão merece um encontro com um novo destino!

Ricardo Jimenez

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